La Paz, Titicaca, Arequipa e Cusco, 17 dias - Out/Nov 2008

Na sequência de nossa série "recordar é reviver", estamos postando um pouco de nossas experiências entre Bolívia e Peru em 2008. 

Roteiro: Brasília - Santa Cruz – La Paz – Copacabana – Puno – Arequipa – Cusco e arredores – Santa Cruz – Brasília.
Período: 17 dias
Câmbio médio: USD = 2,17 reais; USD = 7 bolivianos; USD = 3,05 solis.


Palácio do Governo - La Paz

1º dia - 24/10/2008, sexta-feira - Partimos de Brasília, às 18h50, do dia 24/10, chegamos a Santa Cruz na madrugada do dia 25/10. Vôo cansativo, conexão em São Paulo e escala em Campo Grande. Ainda em Brasília, o primeiro inconveniente. Esquecemos um canivete suíço dentro da mochila da bagagem de mão. Tivemos que remetê-lo em separado para Santa Cruz. Ocorre que o cara da Gol não mencionou a conexão no documento e o canivete ficou em Guarulhos. Depois de trocas de emails durante a viagem, ficou definido que deveríamos buscá-lo no Aeroporto JK. Nunca mais o vimos. Do aeroporto Viru Viru, tomamos um taxi para o hotel Copacabana, que fica cerca da praça central. Optamos por um quarto mais barato, com ventilador. Havia também desayuno, TV à cabo e um famigerado carpete. Detalhe, no fim da viagem, retornamos para Santa Cruz. Nos hospedamos em outro hotel próximo a praça, na rua que desce a igreja católica, hotel Milan, infinitamente melhor e um pouco mais barato.


2º dia
 - 25/10, sábado – Levantamos perto de nove horas da manhã, fomos apresentados ao desayuno continental (pães, margarina, marmelada, suco+ escolha de café com leite ou leite com chocolate ou chá de coca). No hotel, levantamos algumas informações a respeito de horários de saídas de ônibus e vôos. Descobrimos que teríamos que mudar nosso roteiro original: não havia passagem aérea para Cusco para o próximo dia, assim resolvemos inverter o itinerário e ir direto para La Paz. O próprio hotel nos encaminhou para uma agência de viagem. Adquirimos o bilhete e aproveitamos para andar um pouco pelos arredores da praça central. Enfim, realizamos o check out e tomamos um novo taxi para o aeroporto, onde almoçamos lomo a la Plancha + Coca cola + sprite + torta de brigadeiro.
Logo em La Paz, já sentimos o impacto de estar repentinamente a mais de 4000 metros de altura. Tomamos um taxi para o hostel Copacabana, Calle Illampo. Gostamos da localização, mas só havia vagas para ficarmos hospedados no 3º piso, sem elevador, dureza, mas suportável. No hotel, onde há internet livre, também existe uma agência de viagem com a qual já acertamos o passeio para o Valle de La Luna e para o Chacaltaya, para dois dias depois. À noite, saímos pela Illampu, compramos medicamento para o soroche e jantamos em um restaurante de comida italiana próximo ao hostel.

3º Dia
 - 26/10
Levantamos às 09h, tomamos café continental: suco+ escolha de café com leite ou leite com chocolate ou chá de coca. Saímos para conhecer a feira de rua que se espalha por toda a região da Calle Llimpu. Compras 02 xales, campeira feminina e mais 03 quadrinhos com passagens andinas  mais um 01 quadro grande com alpacas.

Almoçamos no Eli’s (01 parmegiana + lomo saltado + jarra de suco de pinha) os copos estavam cheirando muito mal. Depois desse evento passamos a tomar apenas coca-cola em garrafa nos restaurantes.

Fomos a praça Murillo, havia muitas cholas. O palácio do governo tem arquitetura interessante, a igreja possui fachada do século XVI.
A calle principal estava repleta de atrações, estava fechada para o tráfico, livre acesso para o povo.

Por fim, resolvemos jantar no Burguer King e então tomar um taxi para o hotel.


La Paz
4º Dia - - 27/10
Levantamos às 06h30 para o passeio do Chacaltaya. O transfer chegou às 08h. O guia Freddie foi muito legal, formado em turismo nos trouxe muitas informações. Subimos com o céu aberto e descemos com chuva de granizo. Senti o soroche, dor de cabeça intensa, mas venci a montanha. No passeio conhecemos um casal suíço com seus sessenta, simpáticos, mas a coroa era maconheira. Conhecemos também três sul africanas, com as quais nos encontramos muitas vezes durante a viagem. Por fim, conversamos com um holandês, o Kay, com quem almoçamos. Ele nos contou que era servidor público na Holanda, que trabalhava com auditoria de contratos governamentais. Disse mais que na Holanda não há necessidade de se prestar concurso público sendo que a permanecia por muito tempo no mesmo trabalho não é algo interessante por lá. No final da conversa, estávamos falando da salvação em Cristo Jesus e da Eternidade, conceitos muito abstratos para um europeu, segundo as próprias palavras dele. Contudo, percebemos o quanto estava interessado no assunto em razão da quantidade de indagações que fez. Kay chegou a dizer espontaneamente que ira procurar uma igreja evangélica na Holanda. Do almoço seguimos para a agência que fica no hostel, onde adquirimos passagens aéreas Cusco – Santa Cruz e terrestres, La Paz – Copacabana – Puno. Cambiamos USD 100,00 á 705 bolivianos e saímos para comprar mais alguns regalos, já que em La Paz tudo é mais barato.


5º Dia
 - 28/10
Levantamos às 6h45, pouco tempo para tomarmos café e fechar conta. O micro ônibus chegou as 07h45, pontualmente. O hotel possuía sempre um atendente no balcão, uma senhora na cozinha e um auxiliar. Todavia, quando mais precisamos, apenas o auxiliar se encontrava. Quando a pessoa chegou ao balcão, já era tarde, o micro nos esperava. Como a moça não conseguiu passar meu cartão, tivemos que pagar em dinheiro. Entramos no ônibus e havia um monte de gringo com cara ruim para a gente. Chegamos a Copa ás 12h. Vimos no caminho cenários magníficos. Cruzamos o Titicaca de balsa. Hospedamos-nos no hotel Brisas Del Titicaca. Almoçamos truta+sopa+postre+coca-cola 350 ml. Recomendamos o restaurante, Coffee Copacabana, perto do hostel, que fica na via que desce para o lago. No fim da tarde subimos o monte Copacabana. Subida pesada, mas valeu a pena, uma das vistas mais bonitas da viagem. Lá encontramos um casal. Ele de Chiloé, Chile, ela canadense, vinham do Atacama e estavam indo para Lima. Por fim, usamos a internet para falar com a família no Brasil. Minutos, depois cenamos duas amburguesas sem pão .

6º Dia - 29/10
Neste dia visitamos a lendária Isla del Sol. Levantamos cedo para tomarmos o catamarã que saiu pontualmente às 08h30. Até chegarmos à ilha, foram quase duas horas. Fizemos o passeio de dia inteiro. Primeiro o barco chegou à parte norte. Onde há uma enorme escadaria Inca, alguns turistas desceram lá. Nós descemos na parte sul, onde fomos recebidos por um nativo que também falava espanhol e inglês. Ele foi nosso guia. Primeiro fomos a um museu, onde havia alguns artefatos pré colombianos encontrados na ilha. Em seguida, visitamos algumas ruínas Tiahuanaco, bastante interessantes. Durante esse passeio, estávamos conversando, quando uma francesa se virou para nós e disse: brasileiros, reconheci pela musicalidade da língua, eu amo o Brasil. Ficamos felizes por aquela declaração tão espontânea de amor ao nosso país. Ela estava acompanhada por alguns espanhóis, grupo com o qual nos encontramos até o fim da viagem. Visitada a parte sul, demos 30 bolivianos de propina para o guia e seguimos a longa caminhada até a parte norte.
 

A trilha para cruzar a ilha é muito bem demarcada, mas é pesada. Fizemos o percurso em 2h30. No caminho, cenários de tirar o fôlego. Subidas e descidas, ovelhas, llamas, burros de carga, praias e o lago azul como o mar. Depois de 1h caminhando, encontramos uma chola vendendo água. Foram 10 bolivianos para 1,5 litros e mais 20 bolivianos de peaje (pedágio) para um nativo que ficava recolhendo o valor em um ponto na metade da trilha.

Cinco bolivianos foi o preço de um sonho. A Eliane há muito nutria o desejo de sacar uma foto com uma ovelhinha em seus braços. Quando estávamos há cerca de 40 minutos do lado norte, encontramos uma pastora apascentando ovelhas. Pedi para que a Eliane sacasse foto com uma ovelhinha baby. A pastora não permitiu. Então, ofereci dinheiro e ela abriu o sorriso e deixou. Não vacilei. Peguei a ovelhinha, coloquei no colo da Lili e saquei duas fotos. Fiquei imaginado: até nos confins do mundo o capitalismo encontra caminhos ao coração do homem, no caso da mulher. Todavia, valeu à pena. Nunca foi tão barato realizar o sonho de uma esposa.

Alpacas
Depois da longa caminhada, embaixo de um sol escaldante que queimou nosso couro cabeludo (literalmente e sem exagero) paramos para almoçar. No retorno da ilha, uma intensa chuva de granizo. Não dava para ver quase nada. Percebi que não havia botes no barco. Graças a Deus, a embarcação já havia passado pelo estreito formado por duas ilhotas no caminho e chegamos bem em Copa. 

Fomos direto para o hotel e descansamos. Jantamos no Copacabana Coffee, 02 pratos espaghete + entrada creme de pollo. Antes de voltarmos para o hotel, fomos a uma lan house ali perto. O vento uivou a noite inteira. Muito frio e gratidão a Deus por um dia fantástico!


 7º Dia - 30/10
Não tomei café. A Eliane tomou o tradicional café continental. Como estávamos ficando sem dinheiro em espécie, fomos à praça principal e cambiamos 50 reais por 125 bolivianos. Cotação horrível. Almoçamos novamente no Cobacabana Coffee e seguimos para tomar o ônibus para Puno. No caminho, trâmites de aduana, como rotina. No ônibus, fomos abordados por um camarada chamado Jesus. Ele nos ofereceu pacotes para o restante da viagem. Ficamos de pensar. Outro camarada, chamado Max, também nos abordou e ofereceu pacote que incluía Urus e viagem para Arequipa. Tudo para o mesmo dia. Como ganharíamos com isso um dia de viagem, resolvemos aceitar. Pagamos 29 dólares. Ocorre que ao chegarmos à rodoviária estava chovendo. Decidimos então mudar os planos, pernoitando em Puno e fazendo o passeio na parte da manhã, com saída para Arequipa à tarde. Max, assim, trocou nosso bilhete e acionou Jesus, que nos conseguiu o hotel Tumi in I (Direccion Jr. Cajamarca Nº 243, tel. 051-364598/051-353270, www.hostaltumiIpunoperu.com). O preço de balcão do hotel era s/ 95,00. Jesus acertou com o balconista para pagarmos s/ 40,00. O hotel fica perto da Plaza de armas e possui boa estrutura, com quarto amplo, limpo e acesso a internet, chá de coca free, mas sem televisão. Já hospedados, passeamos pelo centro de Puno, bem arrumado e agradável. Ligamos para o Brasil.

Em algum lugar nos Andes Peruanos
Na cidade, há um passeio público repleto de restaurantes. Cenamos no Geordano. Pagamos caro para os padrões locais, mas por um jantar maravilhoso. Conversamos muito com o garçom, Hugo. Falamos do Brasil, dos costumes do Peru, mas foi quando falamos do evangelho que sentimos o quanto aquele jovem estava sedento pelo Senhor Jesus Cristo. Também fomos ao quartel da polícia nacional do Peru, que fica na Plaza de armas, soubemos do policial Pedro, que há apenas uma polícia no Peru e que seu efetivo é de quase 100.000 homens.

8º dia - 31/10
Levantamos às 07h, desayuno continental e van para Urus. O barco estava repleto de judeus. Os caras e as meninas faziam a maior algazarra. As ilhas flotantes são algo muito diferente. Seus nativos hoje vivem do turismo. Aportamos em uma ilha chamada Manco Capac. Fomos recebidos por seus habitantes (5) cantando na língua nativa. O patriarca da ilha, que possui apenas duas casas, nos contou como a ilha é feita. Depois dessa exposição, foi oferecida ao grupo a compra de artesanatos e um passeio em um bote típico. Resolvemos ficar. Nessa oportunidade conversamos com um nativo chamado Teófilo Porcela e com uma garota nativa chamada Amélia. Ficamos sabendo que as crianças saem às 15h das ilhas de canoa para estudar em Puno, onde são alfabetizadas em quéchua, espanhol e inglês. Sendo que retornam às 22h. 

Da ilha fomos para a estação rodoviária para tomar o ônibus para Arequipa. Foi uma correria só, já que estava em cima da hora. O guia Jesus disse que nos conseguiria um taxi. Ficamos surpresos quando descobrimos que o taxi era um camarada em um triciclo movido a tração humana. O pobre a mais de três mil metros de altura, com a língua de fora, nos levou por 1,5 km até a rodoviária.
Almoçamos pão com queijo, 02 tampicos, uma lata de bata frita e então seguimos viajem.
 

Foi uma das viagens mais esquisitas que já fizemos juntos. A empresa era a Julsa Tur. No ônibus não havia banheiro. No caminho, está a cidade de Juliaca. Ali um monte de ambulantes entrou no ônibus para vender os mais variados alimentos. O ônibus, que estava vazio, encheu de repente. O motorista ficou gritando Arequipa, Arequipa, Arequipaaaa!!!! O veículo só saiu quando os passageiros começaram a gritar “holla!” “holla!” e a bater os pés no chão. No meio de Juliaca, há uma linha férrea. Observamos que a linha estava tomada de ambulantes. Vimos o trem vindo e as pessoas retirando as bugigangas para o trem passar. Loucura total!
 

Passadas 3h30 de viagem, o ônibus parou em um vilarejo bastante rústico, no meio do deserto. Os passageiros começaram a descer. Imaginamos que era algum ponto de parada para lanchar ou ir ao banheiro. De fato era isso mesmo, só que não havia banheiro. Os homens passaram a fazer suas necessidades nos muros de pedra das casas e as mulheres desceram para uma vala. Eliane, que não desceu, se intrigou com as cholas levantando seus infinitos vestidos, agachando e procedendo no xixi ali mesmo, sem o menor constrangimento. Como bom mochileiro de guerra, procurei um beco para ter um pouco mais de privacidade. Ocorre que justo no beco em que entrei havia um camarada que começou sussurrar palavras indecifráveis. Logo percebi que o cara era um morador que estava defendendo o caminho de sua casa do ataque de mijões. Procurei outro lugar, é claro.

Saímos de Puno às 13h e chegamos em Arequipa às 18h40. Divertimos-nos muito com os eventos da viagem. No caminho, vimos paisagens únicas, montanhas, lagos, vulcões, alpacas, vicunhas, flamingos, desertos, despenhadeiros, em fim, uma experiência inolvidable.
 

Arequipa disputa o posto de segunda maior cidade do Peru e realmente é um grande centro urbano. Na rodoviária, tumultuada, Eliane pode finalmente ir ao banheiro com dignidade, por 0,50 soles. Então, solicitamos a um policial que nos indicasse um taxi seguro. O cara nos deixou em um hostel onde resolvemos. Porém, só depois do check in descobrimos que apesar da aparente limpeza, TV à cabo, desayuno e baño quente e privado, no quarto não havia janelas. Como estávamos muito cansados para sair rodando com mochila nas costas, resolvemos sair apenas para jantar e sondar a possibilidade de uma hospedagem melhor para o outro dia.
 

A plaza de armas estava lotada. Era noite de todos os santos. Muitos carros e buzinas. Havia manifestações pró e contra o dia das bruxas. A polícia mantinha a ordem. Achei interessante o fato de a divisão de polícia peruana responsável pela seguridad ciudadana (outra terminologia para nossa polícia comunitária) possuir uma caminhonete com uma jaula atrás. Baderneiros e borachos eram postos na jaula e recolhidos para o xadrez.
 

Os restaurantes estavam lotados. Jantamos em um restaurante chinês. Comida em quantidade, mas com muito óleo.

Voltamos para o hostel, quente e abafado. Dormimos com a porta semi-aberta. Usamos nossas mochilas como barricada.

9º dia - 01/11
Neste dia resolvemos realizar um city tour. Para tanto, tomamos o ônibus, modelo Inglês de dois andares, em frente a plaza de armas. Almoçamos em um restaurante situado na edificação onde fica a agência Peru&Bolívia. O restaurante serve comidas típicas da região e comida espanhola. Comemos um combinado de carne com diversos tipos de raízes. Estava muito bom. No passeio, visitamos o museu Mundo da Alpaca, uma experiência bastante interessante. Fomos também a um mirador de onde se pode ver um extenso vale, utilizado pelos arequipenhos para a agricultura, e pudemos ver também os três vulcões. Passeamos por diversas atrações da "Cidade Branca", somente não recomendamos a entrada no Molino, 5 soles por uma roubada. Não tem nada de interessante. Quanto ao restante do city tour, recomendamos, vale a pena. No final do passeio fomos a uma torre mirador de onde dá para ver outra parte da cidade. Como de lá dava para ver o terraço das casas, vi um animal parecido com um Peru. Havia um casal próximo, então perguntei como chamavam aquele animal, eles disseram um nome que não me recordo. Então eu disse que no Brasil se chamava aquele animal Peru. Diante disso, a moça respondeu: então agora vamos chamá-lo Brasil.

Após o passeio, visitamos o museu da Juanita. Múmia adolescente encontrada no vulcão Ampato. Bastante preservada, a visão dessa múmia é impactante. Por fim, fomos a um show gratuito de música e dança tradicional: Luchita Del Sur e seu conjunto. Teatro de La Municipalidad de Arequipa, Portal de La Municipalidad. Ocorre que o camarada que apresentou o show era muito engraçado. Uma das atrações que antecedeu Luchita era outra figura pândega. O cara emitia sonidos finos enquanto cantava e dançava. Parecia estar borracho. Não nos aguentamos e começamos a rir. Chegou um momento que as lágrimas começaram a rolar. Ocorre que num determinado momento enquanto o apresentador falava a banda saiu de fininho. Ele então anunciou a próxima música e fez menção da apontar para os músicos, mas não conseguiu esconder o espanto quando não viu ninguém. Neste momento, começamos a rir de novo. Uma senhora gringa que estava atrás da gente começou a rir e disse: "oh no, again!"Diante disso, já estávamos rindo aos soluços e lágrimas. Pelo constrangimento, tivemos então que ir embora sem ver a Luchita.


10º dia - 02/11
Levantamos às 07h20. Organizamos as coisas para partir. Às 08h, ainda não havia desayuno porque a pessoa que preparava não havia chegado. Esse hotel, o Real, cobra cara para os padrões locais, possui instalações velhas e staff mal educado.
Deixamos o hotel e fomos a agência Peru&Bolívia, que ainda estava fechada. Tomados café no La Bóvega, café caprichado. Estava havendo uma parada cívica na praça. Muito interessante, além dos militares, havia civis que usavam insígnias e medalhas em seus ternos (mulheres também. Deixamos as mochilas maiores na agência e seguimos para o Colca. A guia nos deu muitas informações no trajeto, que contou com muitas paradas instrutivas. Nesse passeio conhecemos dois polacos, muito legais, Bart e Thomas. Chegamos a 4900m de altitude, fotografamos vicunhas, cruzamos a cratera de um vulcão, vimos e fotografamos uma espécie de coelhos selvagens (viscatia), além de centenas de alpacas. Pernoitamos em Chivay, em um hostel simples, mas agradável. No fim da tarde fomos às termas.

11º dia - 03/11
Levantamos às 5h, café às 05h30, às 6h, a Van já estava a nossa espera. O hostel Colca Mayor tem estrutura bastante razoável, apesar da atendente antipática, fica num local muito tranquilo em Chivay. O café foi fraquinho. Chá, café instantâneo e biscoito de sal. A guia Cecília nos prestou muitas informações no caminho, nos deu, inclusive, uma aula sobre as tumbas que ficavam em cavidades nas montanhas e sobre maquetes que os incas usavam para projetar seus famosos terraços. No cânion, vimos apenas dois condores, ainda assim, depois de muita espera. No mirante, encontramos dois cariocas. Tiramos fotos com um deles, um advogado gaiato, chamado Marcelo. Nesse dia, almoçamos muito bem. Restaurante e Hotel "Los portales. De volta a Arequipa, a Bolívia&Peru nos indicou o hostel Andes para banho, custou 10 soles. Se soubéssemos, havíamos nos hospedado lá desde o princípio. Ambiente descolado, bem estruturado, Calle Merces, nº 123. Por fim, tomamos nossas mochilas na agência e seguimos de Taxi para o Terrapuerto. Como o nome sugere uma rodoviária onde se faz check in, com direito a despacho de bagagens, como nos aeroportos. Local muito organizado, diferente da rodoviária tradicional que é um caos.


12º dia - 04/11
Chegamos às 05h45, em Cuzco. Maria, o contato do Jesus, estava nos esperando. O taxi ficou por conta do hotel Kamila, muito bom por sinal. Chegamos a conversar com Maria sobre um pacote, mas resolvemos fazer tudo por conta própria. O pacote Machu Pichu. 02 ou 03 dias sairia por 156 dólares para estudantes ou 172 dólares não estudantes. Dormimos até ás 10h. Lavamos roupa tomamos banho e fomos comprar o bilhete para MP. Para a ida não havia bilhetes na categoria backpacker, que é mais barata. Desembolsamos, o casal, 86,00 USD para a ida e 62 USD para a volta. Almoçamos na Plaza de Armas, novamente Lomo Saltado. Estávamos ficando viciados. No restaurante, estava tocando Roberto Carlos. Encontramos um McDonald´s onde matamos saudade do sundae. Para ingressar em diversos sítios arqueológicos e museus, há um boleto turístico, espécie de pacote para se visitar vários museus. No museu Inka, o boleto geral não vale, entretanto o lugar vale a visita.
 
Depois fomos a um café, na Plaza. Estava repleto de gringos. Ficamos em uma varanda de onde dava para ver a Plaza de armas por inteiro. Muito legal. Consumimos chá de anis + capuccino + água + bolo de chocolate = 18 soles, pagamos com cartão. À noite, regressamos a Plaza para jantar. Foi bom termos voltado. Estavam havendo apresentações de danças típicas, diversos grupos com vários jovens e adultos.
 
Para encerrar o longo dia, voltamos para o hotel, realizamos nosso culto e dormimos.

13º dia - 05/11
Chegou a hora de partir para Machu Pichu. Havíamos comprado bilhete de trem a partir de Ollataytambo para Águas Calientes, de onde realmente se vai para MP. Os ônibus, vans e taxis para Ollataytambo partem da avenida Grau, 05 quadras da Plaza de Armas. Taxis e vans oferecem o translado direto entre 10 e 15 soles por pessoa. Tomamos um taxi para Olla, por 16 soles o casal, depois de muito negociar com o taxista. Um casal francês que foi conosco pagou o dobro.

A cidade não é perto, levamos um tempo considerável para chegar lá. Para ir como os nativos, tínhamos que tomar um ônibus até Urubamba (3 soles) e depois outra condução ( 1,5 soles). Em Olla há uma grande ruína inca. Para entrar no sítio, a Eliane pagou 40 soles, entrei com o boleto que havia comprado em Cuzco. Até que tentamos fazer o percurso sem guia, mas como estava sem graça negociamos uma guia. Carmem, esse é nome dela, estava fazendo pós-graduação na área de turismo, com especialização na cultura Inca, suas informações foram muito instrutivas.
 

No final do passeio, estava chovendo. Resolvemos almoçar em um restaurante que fica em frente à entrada das ruínas. Um pouco mais caro, mas bastante higiênico. Notamos que os cozinheiros usavam touca e a cozinha parecia ser bem limpa. Para variar, almoçamos lomo saltado.
O trem partiu na hora marcada, repleto de orientais e italianos, que faziam a maior bagunça. Os primeiros tirando foto, os segundos jogando bala na cara uns dos outros.
Machu Pichu
Águas Calientes é um lugar artificial, repleto de restaurante e hospedajes. Ficamos no Waiana Pichu, 35 soles, simples e sem água quente, o que descobrimos depois a duras penas. Na hora do banho, passei um frio que me fez lembrar os piores momentos do acampamento militar. Jantamos pizza em um restaurante na plaza. Horrível, encontramos dois fios de cabelo, que não eram de llama, com certeza. Em um mercadinho, suprimentos para a  subida a Machu Pichu. Foi então que descobrimos que haviámos deixado o cartão no restaurante em Olla. Depois de quase um parto, conseguimos nos comunicar com o banco e bloquear o cartão. 

14º dia - 06/11
Para tomarmos o ônibus para Machu Pichu, levantamos às 04h45. Arrumamos a mochila pequena, deixamos a grande no Hostel, e seguimos para o ponto. A fila já estava quilométrica. Deixei a Eliane guardando lugar e fui comprar os bilhetes (7 dólares por pessoa). Só ida. Paguei em moeda americana. Em MP, entrada 120 soles inteira e 73 para estudante. Para usar os banheiros, fétidos = 2 soles. Para usar locker para guardar mochila = 3 soles. Fizemos a reserva para subir o Waina Pichu e depois contratamos um guia, Rodolfo. Fizemos parte de um grupo composto por mais três peruanos, um casal e outra mulher. Interessante que todas as vezes que perguntava ao guia sobre a cultura inca, essa última se referia aos escravos como "nosotros". Foi interessante saber que a descoberta da cidade tem estreita relação com a fundação da National Geographic Society e que os americanos levaram todos os seus utensílios deixando apenas as ruínas para trás. Depois dessa aula prática, subimos o Waina. Subida íngreme. No topo, uma surpresa. Pensávamos que havia o cume de um cerro comum. Pelo contrário, lá em cima há pedras em diversos ângulos, onde nos equilibramos. Aventura total. Não recomendamos para crianças e idosos. Interessante que encontramos lá em cima sete brasileiros, mais do que em toda a viagem até aquele momento (3). Ao descer da montanha, continuamos caminhando pela cidade, tiramos muitas fotos. Depois, almoçamos o lanche que preparamos. Não almoçamos no restaurante que fica na portaria da cidade, custaria 30 doletas por pessoa.
 
Resolvemos descer a pé. Mesmo com o rala, valeu a pena. Paisagem muito interessante.
 

Já em Águas Calientes, encontramos um senhor canadense que se disse apaixonado pela América do sul. Eliane ficou descansando em um lugar seguro e retornei ao hostel para pegar a mochila. Compramos dois gatoraides e um pacote de biscoito de sal e embarcamos no trem que era muito apertado sem lugar para acomodarmos os pés direito.
 

Em Olla, os taxistas oportunistas cobraram preços superfaturados para levar-nos a Urubamba. Resolvemos ir a pé ao centro e tentar algo mais barato. Pedimos ajuda a um policial que nos indicou uma van que custava 15 vezes menos. No caminho, a van pegou uma família composta por uma chola, um niño e um boracho. Tava na cara quem trabalhava na família. O cara na hora de sentar quase se espatifou no chão. Todo lugar tem vagabundo. Chegamos em Urubamba e tomamos um triciclo para o centro. Ficamos em um hostel que tem o nome da cidade, perto do quartel da polícia. O local parecia a vila do Chaves. Compramos água + biscoitos. Foi nossa janta, já que tudo mais em volta estava fechado

15º dia - 07/11
09h30 - Levantamos
10h30 - Desayunamos no Muse, um bar café que fica bem no Centro de Urubamba. Tomamos um ônibus de Urubamba para Pisac, no ponto de ônibus em frente ao Griffo. Todo mundo na cidade sabe indicar o caminho até lá. No ponto, conhecemos um senhor que já havia percorrido o mundo.
Em Pisac
uma quantidade de ruínas espalhadas por uma área geográfica bem maior que Machu Pichu.
Logo que chegamos lá, vimos em um restaurante simples uma placa com o I de informações turísticas.
 
Ali almoçamos com direito a Roberto Carlos em castelhano. O proprietário do restaurante também se chamava Roberto Carlos e era apaixonado pelo cantor. Ao saber que éramos brasileiros fez questão de colocar as músicas, chegando a marejar os olhos. Juntamente com outro local, ele nos prestou informações muito uteis a respeito de como nos locomovermos pela região.
Depois de muita caminhada por Pisac, voltamos a Cuzco em transporte público local. Foi interessante estar entre os nativos.
Acomodação em Urubamba


16º dia - 08/11
Último dia em Cuzco. Levantamos às 08h30. O café estava posto. Guardaremos boas lembranças do hotel Kamila: limpo, silencioso, cama macia, TV à cabo, muito aconchegante. Despertamos com o canto dos pássaros criados pela simpática Sofia. Cuzco possui inúmeras lojas da artesania, que somente são caras se comparadas a Bolívia. Calles apertadas, outras apertadíssimas, todas convidativas a passeios descompromissados, sem destino ou hora certa.

Almoçamos no restaurante Hayly, na calle plateros, saindo da plaza de armas. Muito barato. Também, compramos 02 livros Cuzco y El Valle Sagrado + 01 los Incas.
Ainda no passéio, descansamos na cafeteria Trotamndos. Pagamos pelo conforto. Varanda para a Plaza, ambiente agradável. Passamos quase duas horas lá, conversando com brasileiros e lendo os livros recém comprados.
 
No mercado de artesanato, compramos alguns regalos para a família. Em supermercado próximo ao hotel, Mega, compramos mates de cocas, pacotes de bala de coca, dentre outras guloseimas. Jantamos na Plaza de armas, no restaurante Yunta, 02 cremes de vegetais + lasanha de carne. Boa comida. Ali, o garçom Moisés, entusiasta do Brasil, conversou bastante conosco.
Abaixo: cenas do cotidiano de Cuzco.





17º dia - 09/11

Levantamos às 06h50, tomamos um taxi para o aeroporto. Para sair do Peru, embora já tivéssemos passagem aérea, tivemos que pagar taxas aeroportuárias. Naquele fim de viagem, achava que não seria mais surpreendido com nada, porém, ficamos quase vinte minutos na pista esperando autorização para decolar. Em La Paz, tivemos que descer do avião e fazer todos os trâmites aduaneiros. Fizeram com que nós, somente nós (será preconceito contra mochileiros) tirássemos nossos calçados e depois embarcamos novamente nos mesmos acentos do mesmo avião que partiu de Cuzco. Como sabemos que se tratava do mesmo assento? O cinto de segurança não funcionava e havia uma ponta de ferro protuberante onde esbarrei o joelho a viagem inteira.
 

Já em Santa Cruz, tomamos uma van para o centro. Estava lotada, mas pagamos muito barato. Ocorre que tivemos uma chegada tumultuada na cidade. Enquanto caminhávamos procurando o hotel. Um cara negro e gorducho, de óculos escuros, parou um carro azul tipo jipe e disse, em espanhol, boa tarde. De pronto pediu nossos documentos. Meu faro policial fez com que dissesse para Eliane não dar ideia. Apertamos o passo para entrar em um restaurante a nossa frente. Nisso, o homem ficou gritando "policía, policía!" com intuito de nos intimidar. Assim que entramos no restaurante, um senhor branquelo, que a Eliane viu estar conversando com o primeiro, antes de nos abordar, perguntou em inglês se conhecíamos o cara do carro. Dissemos que não e ele deu com os ombros e foi embora. Sinistro. Nesse tipo de situação, mesmo que se tratasse de polícia, é preferível ser abordado em público.
 
Tomamos uma jarra de suco de pinha e seguimos. Fomos para o hotel Milan, perto da Igreja da Plaza Central. No caminho do hotel encontramos policiais bolivianos, agora de verdade. Contamos o ocorrido, mas eles não souberam nos dizer se o sujeito que nos abordou era policial ou não. Ficaram meio sem graça. Enfim!! Passado o susto, chegamos ao Hotel Milan. Bom hotel. Saímos para almoçar e comemos pizza média. Calor horrível com muita muriçoca no lugar. Passamos em uma lojinha e também compramos uma camisa de lembrança da Bolívia. Para ir à igreja Cristã Maranata, tomamos um taxi. Acertamos com o taxista que ele nos levaria do hotel para o aeroporto, o que custou mais 50 bolivianos.

Foi muito bom ter ido à igreja. Os irmãos nos receberam muito bem, inclusive nos levaram para jantar em um restaurante mexicano. Foi uma noite muito agradável.
 

Naquela madrugada, embarcamos para Brasília, com escala em Campo Grande e Conexão em São Paulo. Longo caminho de volta, trazendo na bagagem recordações inesquecíveis.


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