Nova Zelândia - Ilha Sul - Primeira parte




Queenstown


Há regiões do globo terrestre onde o que se aprecia durante a viagem se faz tão excitante, ou mais, que o próprio destino. Sabendo disso, aceitamos o desafio de percorrer quilômetros e quilômetros de montanhas e vales da Ilha Sul da Nova Zelândia.

Nossa jornada por essa ilha cartão postal teve início em Picton, onde desembarcamos no dia 31/06, vindos da Ilha Norte (ver http://around180.blogspot.com/2010/06/nova-zelandia-ilha-norte.html). Sem perder tempo, dirigimos direto para Nelson, onde almoçamos. Essa região é conhecida por ser a capital neozelandesa do sol. A pequena charmosa cidade não decepcionou nos recebendo com um belo dia ensolarado, ao contrário do frio, chuva e ventanias que havíamos deixado para trás em Wellington.

Infelizmente, como não possuíamos tempo para explorar os famosos parques nacionais da região, seguimos caminho em direção a costa oeste. Nosso plano era passar por Westport e tentar chegar até Greymouth. Ocorre que no caminho, encantados com a beleza dos parques, que atravessávamos, e com as montanhas de picos nevados, que distavam no horizonte, seguimos uma placa que indicava Greymouth. Por conta desse lapso, deixamos a rota 06 e terminamos passando por Reefton. Essa última, uma pequena cidade rural sem maior expressão.
Era fim de outono em uma latitude bastante abaixo do equador. Isso significa que os dias eram bem mais curtos. Por questão de segurança, às 17h30, tendo já escurecido, resolvemos parar em um motor parque situado entre Reefton e Greymouth.
A recepção do estabelecimento ficava dentro de um Pub. Quando entrei no salão, parecia que contracenava um filme do velho oeste norte americano. Em frente à porta, havia um grupo de senhoras na terceira idade e trabalhadores rurais jogando cartas, enquanto nas outras mesas pessoas papeavam e bebiam cerveja. Percebendo a presença deste mochileiro, todos pararam seus afazeres e me fitaram com olhar de interrogação.

Tendo olhado para o balcão e não enxergado ninguém, não me restou alternativa a não ser me dirigir ao grupo que estava junto à porta, a quem perguntei sob a pessoa responsável pelo motor parque. Economizando palavras, uma das senhoras me respondeu: fale com John. Em face disso, vi John lentamente se dirigir ao caixa. Foi então que o senhor de meia idade, sem conseguir esconder sua extrema fadiga me passou preço e tudo mais.

Acomodados, passamos a perceber o frio que fazia. Sem dúvida nenhuma a maior sensação de frio que tivemos em toda a viagem. Para se ter uma idéia, no banho não dava para sentir se a água era quente ou fria, pois, nossos corpos estavam dormentes. Nesse momento, temos que pedir um desconto, pois, ambos, somos filhos de nordestinos.
Motor parque em Ikamatua

No outro dia pela manhã, percebemos o porquê do frio. Estávamos em um pequeno vale, cercados por montanhas de picos gelados. Depois do café, checamos nosso mapa e percebemos que havíamos perdido um bom tempo. Teríamos que seguir até Greymouth e subir de volta por quarenta e cinco minutos até a famosa formação rochosa chamada Punakaiki pelos Maoris e Pancakes pelos europeus. A essa altura, a visita a colônia de focas situada próxima a Westport havia ido para o espaço.

Panakaiki
De tudo, valeu muito a pena ter regressado, pois, a viagem pela Rota 06, principalmente entre Westport e Queenstown, é tida como uma dos itinerários rodoviários mais lindos do mundo, do qual, terminamos perdendo pouco mais que o trecho das focas. Por fim, no restante do dia, seguimos nos deliciando com o trajeto até Fraz Josef, vilarejo que adotou o nome da famosa geleira que lhe garante o sustento.
Agora, tendo pernoitado em um motor parque de primeira classe, o Top 10, nos juntamos a um grupo que saiu para explorar a geleira num passeio de meio dia. Com roupas especiais, incluída no pacote, nos divertimos muito no rio de gelo e em suas galerias. Bem pertinho do Glacier está um dos lagos mais visitados da Nova Zelândia: o Lago Matherson. Foi de lá que tiramos a foto estonteante do post “Ilha Sul – Prévias”.
Franz Josef
Franz Josef
Franz Josef

No mesmo dia, ao longo da tarde, continuamos pela rota 06, seguindo para Haast, onde pernoitamos. O detalhe é que a pequena cidade possui três vilarejos, o que costuma confundir os viajantes. Ficamos no vilarejo principal em um motor parque onde, num enorme salão havia ampla e aparelhada cozinha, terminais com acesso a internet e sala de estar, tudo aquecido por uma lareira. Bem aconchegante. Aproveitando o clima aconchegante, preparamos nosso jantar e papeamos com uma família vinda da Tasmânia, na Austrália.
Seguindo viagem, cruzamos Haast Pass, margeamos os lagos Wanaka e Hawea, além da cadeia montanhosa conhecia por Youg Range, onde habita o Monte Brewster (2423 m). Mais bela do que a viagem, somente o céu azul que destacava as montanhas do horizonte de Queestown, aonde chegamos por volta do meio dia.
Haast

Vez na capital dos esportes radicais e mais europeu dos centros urbanos da Nova Zelândia, almoçamos, deixamos a campervan no motor parque Kwii, e tomamos o teleférico Skyline. Esse passeio é mandatório, principalmente, com o clima tão favorável. A visão da cidade, rodeada por montanhas e entrecortada pelo Lago Waikatipu é uma das mais belas que já tivemos. No cume, vimos o crepúsculo cair trazendo muito mais cor ao horizonte, conversando com uma família de Nova York, que havia estado conosco no passeio em Fraz Josef.
Queenstown

No outro dia, entre saltar de pára-quedas, enfrentar corredeiras fazendo rafting, voar de pára-pente, descer centenas de metros a partir de cumes nevados, fazer bungy jump, dentre muitas outras opções, decidimos seguir o que é mais tradicional e seguro na Nova Zelândia: saltar os 44 metros da ponte Kawarau, primeiro lugar no mundo a explorar o Bungy Jump comercialmente.
Ainda sob a emoção do pulo, voltamos para a o centro de Queenstown com nossos corajosos colegas de Bungy Jump, um americano e uma alemã, e ali terminamos de arrumar nossas coisas para partir bem cedo em direção a Milford Sound.



Jumperes


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