Do rastro de Laurence das Arabias ao Cairo
Aqaba (Jordânia), em primeiro plano; ao fundo, Eilate (Israel)
Wadi Rum é um dos destinos mais populares na Jordânia. A oportunidade de seguir a trilha do lendário Laurence das Arabias e dormir em acampamentos de beduínos sob o céu estrelado do deserto atrai turistas dos quatro cantos do planeta.
Acampando com beduínos - Wadi Rum
Reservamos o passeio no próprio Valentine Inn hotel, o que nos garantiu um bom desconto sob os preços praticados no centro turístico de Wadi Rum ou pela internet.
Wadi Rum
O tour que realizamos envolveu, além do acampamento, cinco horas de veículo quatro por quatro. Tudo ficou melhor com os colegas que fizemos durante a aventura: o casal espanhol José e Ester, que havíamos conhecido em Wadi Musa; e o casal nicaragüense, Flávio e Carolina. Esse último parecia ter saído direto de uma novela mexicana. Foram momentos muito legais, onde gargalhamos e praticamos espanhol. De quebra, José nos deu preciosas dicas a respeito de fotografia profissional.
Nossa interação foi tão interessante que os espanhóis nos acompanharam até Aqaba. Terminamos nos hospedando no mesmo hotel, tendo, após, passeado juntos pela orla do Mar Vermelho e pela tradicional feira noturna da cidade. Somente nos separamos quando fui com a Eliane para um restaurante mais requintado para comemorarmos nosso aniversário de casamento.
Mar Vermelho - Aqaba
Mercado de Rua - Aqaba
Celebramos nossas bodas em alto estilo no restaurante italiano Royal Yacht Club, com vista para o mar e para as duas outras cidades da tríplice fronteira Taba (Egito) e Eilate (Israel).
Chegada à hora de cruzarmos o mar para o Egito, embarcamos para Nuweiba. Outra opção seria irmos por terra para Eilate e de lá seguirmos para Taba no Sinai. Para não corrermos risco de comprometermos nossos passaportes com carimbos de Israel seguimos a primeira opção.
Mar Vermelho - Egito
Nessa travessia, cunhamos a expressão “a civilização teve seu início e fim no Egito”. Algo que nos acompanhou ao longo de nossa visita ao país. Desorganização, empurrões, atropelos e ausência de informações são palavras que descrevem palidamente o que é fazer esse trajeto por conta própria. Já na outra margem do Mar Vermelho, mais do mesmo. Parecia que todos viam em nós a oportunidade de conseguir algum dinheiro fácil. Sem mapas ou informações confiáveis, mesmo que prestadas por agentes do Estado, rodamos muito até conseguirmos um taxi coletivo para irmos para o Cairo.
Mar Vermelho - Egito
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Por do sol no Sinai
Para se viajar às sete horas entre o terminal marítimo de Nuweiba para o Cairo, há duas opções econômicas: ônibus e taxi coletivo. Depois de muitas informações erradas e taxistas tentando nos cobrar absurdo para percorrermos algo em torno de quinhentos metros, quando conseguimos chegar a estação de ônibus, o veículo já havia saído. Outro, somente ás 9h no dia seguinte. Sem opção, fomos aos taxistas. Depois de dura negociação conseguimos embarcar em uma van por cerca de 40 reais por cabeça.
Antes de seguirmos para o Cairo, permutamos de veículo em um resort logo após Nuweiba. O local, localizado as margens do Mar Vermelho é composto por várias cabanas com telhado de palha, como as demais acomodações da região. O lugar é simplesmente paradisíaco. Dali, depois de cerca de quarenta minutos, nos juntamos a um grupo de ocidentalizados jovens egípcios para seguir viagem. Todos foram bem legais conosco, com destaque para o Rico, que quebrando a regra universal do “não existe almoço de graça”, ligou para o hotel que indicamos, barganhou preço e conseguiu realizar a reserva com um desconto de 30% em cima do valor indicado pelo Lonely Planet no mesmo local. No final da viagem, perto de 00h, o taxista não queria nos deixar na porta do hotel, foi quando o rapaz insistiu com o sujeito que a contra gosto o fez.
Aqui é preciso abrir um parêntese. Não sei como funciona no restante do mundo árabe, porém, entre egípcios e palestinos, percebemos que não existe informação ou favor gratuito. Mesmo quando indicam direções as pessoas esperam que você lhes dê uma gorjeta ou entre em suas lojas para comprar alguma coisa. Com o banheiro ocorre da mesma forma, mesmo em banheiros privados há sempre alguém com o papel na mão para te entregar esperando que lhe dê algum dinheiro.
Já sabendo disso, em face de toda a presteza do Rico, lhe oferecemos alguns dólares quando desembarcamos. O olhar de decepção do rapaz foi algo mais que constrangedor. Ele nos disse que estava nos ajudando, simplesmente, porque queria que levássemos uma boa recordação de seu país. Assim, só nos restou pedir desculpas, agradecer e seguir viagem. Alguns dias depois ligamos novamente para agradecê-lo. Ficou a lição. Sempre há exceções. Mesmo no Egito.
Prédio do hotel Ismailia - Cairo
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