Outback

Após 16 semanas em Sydney, cumprindo a etapa da viagem dedicada a estudos, era chegada a hora de desbravarmos o lendário Outback australiano. A cidade escolhida como ponto de partida para a aventura foi Alice Springs. Alice, como é chamada por aqui, é a mais importante da região conhecida pelos nativos como Red Centre.

Já durante o vôo, pudemos perceber o vácuo populacional que caracteriza a Austrália que, numa comparação grotesca, mais parece uma pizza onde cerca de noventa por cento da população vive em suas bordas. Foram quilômetros e quilômetros de deserto.

Seguindo a dica do professor e amigo australiano, David, reservamos hospedagem e trip com a dupla Annie´s place e Mulga´s Adventures, a primeira um backpacker e a segunda uma agência que oferece passeios pela região. Esse pacote incluiu serviço de transfer na chegada.


Ao fundo, Uluru

Chegamos a Alice no domingo dia 25. Realizado o check in, resolvemos dar uma volta pela cidade de aproximadamente 27 mil habitantes. Parecia que estávamos em outra Austrália. A maior parte das lojas estava fechada e podíamos ver aborígenes por toda parte

No dia seguinte, levantamos as cinco horas da manhã, arrumamos nossa bagagem, fizemos o check out, tomamos café e partimos para três dias e duas noites de camping. Mais uma vez, fomos muito felizes com o guia. Tom, um camarada que nasceu e cresceu na região e chegou a morar com aborígenes por 3 meses, conhece a fundo cultura, geografia, história e tudo mais que diga respeito ao local e suas tradições. Ele criou um grupo de guerra para o grupo, “Palya!”, que significa “muito legal” na língua dos aborígenes originários detentores do Uluru.

Tom, também, conseguiu construir um clima bem legal entre os integrantes do grupo formado por dezenove pessoas: nós brasileiros, um sueco, uma canandense, americanos, ingleses, australianos, alemães e coreanos.

O passeio foi incrível, com direito a trilhas por Kings´s Canion e The Olgas, noites em saco de dormir olhando para as estrelas, nascer e por do sol observando a troca de cores do maior monolito do planeta... e muito mais.

Da mesma forma, merecem destaque nossos encontros com lizards (como são chamados os lagartos por aqui, sejam eles de qualquer tamanho), cangurus, camelos e outros animais do deserto.


fazenda de camelos


Eliane e Ashiley na chegada da Olga,s Trekking.


Dentro da atmosfera de muita descontração, Tom tinha uma música em seu IPod e, no final, durante as cinco horas de retorno ao albergue, ainda dedicou músicas para cada integrante do que chamava Mulga´s Family. Terminamos a aventura jantando juntos no restaurante do hostel.

Antes de deixar Alice, tivemos um dia e meio livre, quando aproveitamos para circular pela pequena cidade: vimos o por do sol a partir da colina Anzac Memorial, visitamos o centro de répteis, respondemos emails, pesquisamos e organizamos acomodação em Cairns. Vale destacar que a visita no centro de répteis deu direito a enrolarmos um bebê cobra no pescoço e segurarmos diferentes tipos de lagartos da região. Eletrizante!


Acima, Tom preparando o prato do dia: rabo de Kanguru.


King's Canion



King's Canion


Grupo


Alguns personagens da trip:


Tom (guia): responsável por dirigir, coordenar montagem de acampamento, adquirir entrada para o parque e criar um clima constante de harmonia e descontração. No próximo ano, Tom deve ir para o Equador, onde lecionará inglês, aprenderá espanhol e se preparará para uma temporada nos demais países da América Latina.

Holly: australiana, vegetariana, que vive a cinco horas de Sydney em um vilarejo com pouco mais de 100 habitantes, possui um cavalo e trabalha fazendo aceiros em fazendas, já viajou por Tailândia e Malásia. Essa a primeira experiência de Holly no Red Centre, onde chegou vindo de Brisbane, depois de ter cruzado o deserto em cinco dias, dirigindo uma campervan (espécie de trailler).

Asheley: canadense, pintora e desenhista nas horas vagas, trabalha com pesquisa, testando medicamentos em seres humanos. Está regressando para casa depois de curtir um mês de férias na Austrália, ficou conosco grande parte do tempo. Demos boas risadas juntos.

Karina: alemã, 23 anos, trabalha em um laboratório em sua pequena cidade de oito mil habitantes no norte da Alemanha. Fã da saga Senhor dos Anéis, deixou sua pacata vida e foi para Nova Zelândia, onde, com dois mil e quinhentos dólares, comprou uma perua que usou como casa e meio de transporte por dez meses. Nesse período, trabalhou em fazendas de batata para bancar seu sustento. De Alice, Karina estava indo para Sydney, onde ficaria por três dias e então partiria para sua terra natal para estudar nutrição. (quando alguém te mandar plantar batata, não pense duas vezes, vá fazer isso na Nova Zelândia). kkkkkk

Paul e sua esposa japonesa: provavelmente o mais experiente em idade depois de mim (Isângelo), há mais de nove anos, Paul deixou a Inglaterra, casou com uma japonesa e se fixou no Japão, onde trabalha como professor de inglês.


Max: Alemao, 21 anos. Para quem pensa que os alemaes sao frios, quando Eliane disse que era duro fazer amigos e depois ter que partir sem ter perspectiva de reencontro, esse camarada lacrimejou os olhos.

Essa experiência no Outback falou muito a nós dois (Eliane e Isângelo). Uma experiência maravilhosa que mesmo nos delongando em tantas palavras nesse relato jamais conseguiríamos expressar tudo o que vivemos ali. Vir à Austrália e não conhecer o Outback australiano é como ir à Paris e não visitar a Torre Eiffel grosseiramente falando. Depois dessa experiência podemos dizer que de fato estivemos na Austrália.

Pálya!!!


Encontro com lizard no King's Canion


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